Megadeth | Rust In Peace (1990)

O início da carreira do Megadeth caracterizou-se por mudanças na formação da banda e completa imprevisibilidade. Depois de ter sido expulso do Metallica por uso de drogas, o guitarrista e cantor Dave Mustaine estreou a sua nova formação de thrash em 1985 com Killing Is My Business... And Business Is Good!. Em seguida veio o clássico underground Peace Sells... But Who's Buying?, seguido pelo desolador So Far, So Good... So What!.Enquanto isso, o Metallica havia se tornado o maior nome do metal, chegando mesmo a ganhar um Grammy.

O quarto álbum do Megadeth trazia a terceira formação do grupo, com Mustaine e o baixista e membro fundador Dave Ellefson reunidos com o guitarrista Marty Friedman e o baterista Nick Menza. O quarteto rejuvenescido tocava agora com maior rapidez e precisão do que nunca.

A maior novidade, contudo, foi a melhoria nas composições de seu líder. As nove músicas deste disco são originais dinâmicos, com riffs sofisticados, ganchos irresistíveis e letras que evitam tanto o satanismo do death/black metal quanto a vulgaridade do rock machista.

A faixa-título protesta contra as armas nucleares e "Holy Wars... The Punishment Due" faz um comentário sarcástico sobre a intolerância religiosa. "Hangar 18" foi inspirada pelo suposto acobertamento do caso Roswell.

O álbum alcançou o vigésimo terceiro lugar na parada da Billboard e é considerado um dos melhores discos da era do speed metal. Depois do triunfo do grunge, o Megadeth e o Metallica adotaram um estilo mais tradicional de rock pesado em andamento mais moderado. (Manish Agarwal)
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01. Holy Wars... The Punishment Due (Mustaine)
02. Hangar 18 (Mustaine)
03. Take No Prisoners (Mustaine)
04. Five Magics (Mustaine, Friedman)
05. Poison Was The Cure (Mustaine)
06. Lucretia (Mustaine, Ellefson)
07. Tornado Of Souls (Mustaine, Ellefson, Friedman)
08. Dawn Patrol (Mustaine, Ellefson)
09. Rust In Peace... Polaris (Mustaine)
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Sufjan Stevens | Illinois (2005)

Este é o quinto disco de Sufjan Stevens e o segundo em seu estonteante panorama musical dos 50 estados da América do Norte, que começou com seu estado natal, Michigan. É uma obra de escopo tão grandioso que foi preciso lutar para fazer com que tudo coubesse em um único CD. Na verdade, havia tanto material que pouco depois foi lançado The Avalanche, um álbum só com os takes suprimidos e versões alternativas.

As 22 faixas aqui incluídas são uma visão geral charmosa das pessoas, lugares e história do Estado de Illinois, e as fábulas de Stevens sobre um cotidiano muitas vezes sombrio lembram as canções narradas de Harry Smith. A delicada "Casimir Pulaski Day" fala sobre momentos fugidios com uma garota amada que está morrendo de leucemia. A elegíaca "John Wayne Gacy Jr.', uma ode ao assassino em série nascido em Chicago, está centrada na infância do assassino e é assustadora.

A maior parte do disco, contudo, é alegremente melódica e possui arranjos suntuosos. Cordas, corais, um órgão Wurlitzer, um flugelhorn e sininhos podem ser ouvidos no mix final, em sua maioria tocados pelo próprio Sufjan. Suas influências vão do folk a Rodgers & Hammerstein, do minimalismo ao rock alternativo e além. Se tudo isso lhe soa como impossível de ouvir, não tema — a pegada sutil de Stevens faz com que cada música seja tão cativante e alegre quanto o tema de um seriado de TV.

Quando foi lançado, Illinois recebeu a aclamação da crítica, algo certamente merecido. Compor, produzir e tocar um disco conceitual de 22 faixas não é para qualquer um. (Theunis Bates)
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01. Concerning The UFO Sighting Near Highland, Illinois (Stevens)
02. The Black Hawk War, Or, How To Demolish An Entire Civilization And Still Feel Good About Yourself In The Morning, Or, We Apologize For The Inconvenience But You're Going To Have To Leave Now, Or, 'I Have Fought The Big Knives And Will Continue To Fight Them Until They Are Off Our Lands! (Stevens)
03. Come On! Feel The Illinoise! (Stevens)
04. John Wayne Gacy, Jr. (Stevens)
05. Jacksonville (Stevens)
06. A Short Reprise For Mary Todd, Who Went Insane, But For Very Good Reasons (Stevens)
07. Decatur, Or, Round Of Applause For Your Stepmother! (Stevens)
08. One Last 'Whoo-Hoo!' For The Pullman (Stevens)
09. Chicago (Stevens)
10. Casimir Pulaski Day (Stevens)
11. To The Workers Of The Rock River Valley Region, I Have An Idea Concerning Your Predicament (Stevens)
12. The Man Of Metropolis Steals Our Hearts (Stevens)
13. Prairie Fire That Wanders About (Stevens)
14. A Conjunction Of Drones Simulating The Way In Which Sufjan Stevens Has An Existential Crisis In The Great Godfrey Maze (Stevens)
15. The Predatory Wasp Of The Palisades Is Out To Get Us! (Stevens)
16. They Are Night Zombies!! They Are Neighbors!! They Have Come Back From The Dead!! Ahhhh! (Stevens)
17. Let's Hear That String Part Again, Because I Don't Think They Heard It All The Way Out In Bushnell (Stevens)
18. In This Temple As In The Hearts Of Man For Whom He Saved The Earth (Stevens)
19. The Seer's Tower (Stevens)
20. The Tallest Man, The Broadest Shoulders (Stevens)
21. Riffs And Variations On A Single Note For Jelly Roll, Earl Hines, Louis Armstrong, Baby Dodds, And The King Of Swing, To Name A Few (Stevens)
22. Out Of Egypt, Into The Great Laugh Of Mankind, And I Shake The Dirt From My Sandals As I Run (Stevens)
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Arcade Fire | Neon Bible (2007)

No cenário da música atual — onde marketing, fofocas sobre celebridades e publicidade de grandes marcas sobrecarregam as páginas da imprensa especializada — não é surpresa que os ouvintes ávidos por música com conteúdo estejam procurando algo além do círculo convencional de novas bandas quentes com seus remixes dançantes e vocalistas que também trabalham como modelos. O Canadá pode não ser o primeiro lugar onde procuram, mas a música do Arcade Fire é cheia de significado e de simbolismo.

Felizmente para os seus fãs, contudo, eles não se esqueceram de que a prioridade de uma banda de rock é fazer rock, e a filosofia de botequim de Neon Bible está extremamente ligada a músicas tocadas com atitude e acompanhadas com paixão pela platéia. Não sendo nunca previsível, Neon Bible tem cordas, metais, uma harpa e um coral gospel ao longo de 11 músicas que certamente irão lotar estádios nos próximo anos. O riff mais pesado aqui é tocado num órgão de igreja e não numa guitarra Fender ("Intervention").

O álbum de estréia, Funeral, recebeu aplausos do U2 — que ofereceu à banda o show de abertura — e de David Bowie, que se uniu a eles no palco para tocar. Obviamente, Bono e Bowie irão adorar Neon Bible, que pode muito bem ser o melhor "segundo disco" da década.

Na faixa-título, o Arcade Fire induz o ouvinte a "tomar o veneno da sua idade", como líderes de uma seita oferecendo um último refúgio contra as massas alienadas. Se a música "marqueteira" sem conteúdo é o veneno, este álbum é o antídoto. (Theunis Bates)
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01. Black Mirror (Arcade Fire)
02. Keep The Car Running
(Arcade Fire)
03. Neon Bible (Arcade Fire)
04. Intervention (Arcade Fire)
05. Black Wave/Bad Vibrations (Arcade Fire)
06. Ocean Of Noise (Arcade Fire)
07. The Well And The Lighthouse (Arcade Fire)
08. (Antichrist Television Blues) (Arcade Fire)
09. Windowsill (Arcade Fire)
10. No Cars Go (Arcade Fire)
11. My Body Is A Cage (Arcade Fire)
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Gorillaz | Gorillaz (2001)

Coisas bizarras aconteceram no mundo da música em 2001. O Tool levou a matemática do metal ao topo das paradas. Mariah Carey tirou a roupa em Total Request Live. E excêntricos personagens de desenho animado ganharam um disco de platina.

Concebido por Damon Albarn, do Blur, e por Jamie Howlett, criador da HQ Tank Girl, o Gorillaz é formado por 2D, um garoto descolado, pelo baixista dentuço Murdoc, a fria e misteriosa Noodle e pelo prodígio do hip-hop Russell. Apareceram com uma biografia bizarra, apoiada na iconografia dos filmes de terror (daí o "Dracula" na versão americana). Por trás das imagens, há o eclético produtor Dan The Automator, Tina Weymouth (sua banda Tom Tom Club provavelmente faz parte da árvore genealógica do Gorillaz), o DJ canadense Kid Koala e o veterano cantor cubano Ibrahim Ferrer.

A receita do seu sucesso foi, sem dúvida, Del Tha Funkee Homosapien (seu disco, I Wish My Brother George Was Here, produzido por seu primo Ice Cube, é imprescindível para quem gosta de humor misturado com hip-hop). O rap sinistro de Del ajudou a transformar em hits músicas como "Clint Eastwood" e "Rock The House" e levou o Gorillaz a formar parcerias com Redman e com os protegidos de Eminem, o D12.

Entre as faixas de fácil audição aparecem alguns flertes com o dub reggae e o punk, que têm seu melhor exempo em Think Tank, do Blur, apesar de "Slow Country" ser uma das melhores composições de Albarn. Já "M1 A1" é um pastiche poderoso de "Roadrunner", de Jonathan Richman.

O melhor mesmo é curtir o Gorillaz em DVD (Gorillaz Phase One: Celebrity Take Down) ou na internet (www.gorillaz.com). Contudo, este álbum — que se manteve nas paradas dos Estados Unidos e da Inglaterra durante um ano inteiro — é um passaporte para a turnê do mistério musical. (Bruno MacDonald)
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01. Re-Hash (Albarn, Hewlett)
02. 5/4 (Albarn, Hewlett)
03. Tomorrow Comes Today (Albarn, Hewlett)
04. New Genious (Brother) (Albarn, Hewlett, Brown)
05. Clint Eastwood (Albarn, Hewlett, Jones)
06. Man Research (Clapper) (Albarn, Hewlett)
07. Punk (Albarn, Hewlett)
08. Sound Check (Gravity) (Albarn, Hewlett)
09. Double Bass (Albarn, Hewlett)
10. Rock The House (Albarn, Hewlett, Dankworth, Jones, Nakamura)
11. 19-2000 (Albarn, Hewlett)
12. Latin Simone (¿Qué Pasa Contigo?) (Albarn, Hewlett, Villa)
13. Starshine (Albarn, Hewlett)
14. Slow Country (Albarn, Hewlett)
15. M1 A1 (Albarn, Hewlett)
16. Dracula (Albarn, Hewlett)
17. Left Hand Suzuki Method (Albarn, Hewlett)
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The Jimi Hendrix Experience | Axis: Bold As Love (1967)

Com a possível exceção do Cream, The Jimi Hendrix Experience era o melhor trio de rock do mundo. Enquanto sua fama como músicos e improvisadores extraordinários garantia ao grupo um enorme reconhecimento, a constante pressão para que fizessem turnês e gravassem discos depois do álbum de estréia, Are You Experienced, fez com que Axis: Bold As Love fosse lançado às pressas, antes de estar relamnente pronto. Apesar disso, não se discutem — mesmo passadas quatro décadas — as impetuosas e cintilantes canções do disco, o controle que Jimi e seus companheiros tinham das tecnologias de estúdio à sua disposição e a beleza lírica da guitarra de Hendrix.

"Spanish Castle Magic" e sua melodia em espiral, a estrutura vai-e-volta de "If 6 Was 9", a doce "Castles Made Of Sand" e a simplicidade de "She's So Fine", do baixista Noel Redding, são pontos altos do disco — mas a melhor mísica, para muitos, é a perturbadora "Little Wing". Com sua mistura perfeita de guitarras principal e rítmica (as primeiras linhas melódicas da canção embaralharam para sempre esses dois papéis), "Little Wing" é pura beleza e foi regravada várias vezes desde então por artistas como Sting e Metallica.

A produção de Axis, no melhor estilo de 1967, é soberba. Jimi nunca soou tão vulnerável e acessível, tanto vocal como instrumentalmente, enquanto a batida de Mitch Mitchell e as sólidas linhas de baixo de Redding compunham um ritmo definitivo da época — sem desmerecer, claro, Jack Bruce e Ginger Baker, seus únicos rivais em muitos aspectos. (Joel McIver)
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01. EXP (Hendrix)
02. Up From The Skies (Hendrix)
03. Spanish Castle Magic (Hendrix)
04. Wait Until Tomorrow (Hendrix)
05. Ain't No Telling (Hendrix)
06. Little Wing (Hendrix)
07. If 6 Was 9 (Hendrix)
08. You Got Me Floatin' (Hendrix)
09. Castles Made Of Sand (Hendrix)
10. She's So Fine (Redding)
11. One Rainy WIsh (Hendrix)
12. Little Miss Lover (Hendrix)
13. Bold As Love (Hendrix)
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Prince | 1999 (1982)

"Masturbando-se com uma revista?" É difícil acreditar que esse pequeno trecho picante retirado de "Darling Nikki" tenha dado origem à campanha do "Parental Advisory" (aviso de conteúdo explícito) nos Estados Unidos.

Até agora, tudo Prince: ninguém que tenha ouvido Dirty Mind, dos anos 80, se surpreenderia. A verdadeira revelação de 1999 foi Prince ter roubado descaradamente elementos de outros artistas, reunindo-os em uma alquimia que se tornaria o seu próprio modelo. Os ritmos seqüenciados e as vozes processadas eletronicamente não estão muito distantes de The Electric Spanking Of War Babies, do Funkadelic, mas Prince tinha músicas à altura dessa trapaça sonora.

A guerra é ganha naquilo que costumava ser o lado A. Se houver, na história do rock n' soul, uma abertura tão impressionante quando a de "1999", "Little Red Corvette" e "Delirious", certamente está guardada a sete chaves em um arquivo vigiado por um leopardo.

Mas não vamos correr em direção aos tesouros escondidos. "Automatic" seria o som do Kraftwerk se eles deixassem as bicicletas de lado e fossem fazer sexo. "Lady Cab Driver" é um funk contagiante e extremamente sedutor. "Free" é uma música mais leve que prenuncia "Purple Rain". "D.M.S.R." é um romance sexual em ritmo de disco music. "International Lover" é uma paródia esplêndida e perspicaz.

A cópia exata de Janet Jackson, Control, nos diz muito sobre o impacto de 1999 — um legado hoje mantido pelo The Neptunes. E, diabos, na capa interna Prince consegue manter uma aparência cool mesmo estando nu em meio a luzes néon. Um grande talento. (Bruno MacDonald)
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01. 1999 (Prince)
02. Little Red Corvette (Prince)
03. Delirious (Prince)
04. Let's Pretend We're Married (Prince)
05. D.M.S.R. (Prince)
06. Automatic (Prince)
07. Something In The Water (Does Not Compute) (Prince)
08. Free (Prince)
09. Lady Cab Driver (Prince)
10. All The Critics Love U In New York (Prince)
11. International Lover (Prince)
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Limp Bizkit | Chocolate Starfish And The Hot Dog Flavored Water (2000)

Apesar de o movimento nu-metal afinal ter se tornado alvo de controvérsias — em grande parte devido às letras das músicas —, no início de 2000 estava no auge, era poderoso e comercialmente bem-sucedido. Na linha de frete do rap/metal estava a banda americana Limp Bizkit, encabeçada pelo combativo vocalista (e portanto líder ideal) Fred Durst. Chocolate Starfish... foi lançado no momento mais alto da fama do Limp Bizkit. O seu álbum anterior, Significant Other, tinha conseguido chamar a atenção do mundo da música em grande parte devido às letras semi-analfabetas porém eficazes de Durst, que giravam em torno de uma juventude descontente (ver o toque de sarcasmo no título do álbum).

Chocolate Starfish... obteve um enorme êxito comercial, gerando singles muito populares como "My Generation", "Rollin'" — primeiro lugar na Grã-Bretanha — e "Take A Look Around" (da trilha sonora de Missão Impossível 2). Os críticos ficaram impressionados com a forma pela qual o som mais rude dos álbuns anteriores da banda tinha sido transformado numa combinação habilmente produzida de metal, funk, rap e um rock simples e eficaz. Os muitos fãs do Limp Bizkit compraram o disco em massa, ainda que somente na letra de "Hot Dog" a palavra fuck já aparecesse 36 vezes, tornando inevitáveis os protestos dos mais conservadores.

O álbum ficou ainda melhor devido à participação dos rappers Redman, Method Man, Xzibit e DMX, além do ator Ben Stiller e do ex-vocalista do Stone Temple Pilots, Scott Weiland, que também participou da produção. (Emily Kelly)
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01. Intro (Durst, Borland, Otto, Rivers)
02. Hot Dog (Durst, Borland, Otto, Rivers)
03. My Generation (Durst, Borland, Otto, Rivers)
04. Full Nelson (Durst, Borland, Otto, Rivers)
05. My Way (Durst, Borland, Otto, Rivers)
06. Rollin' (Air Raid Vehicle) (Durst, Borland, Otto, Rivers)
07. Livin' It Up (Durst, Borland, Otto, Rivers)
08. The One (Durst, Borland, Otto, Rivers)
09. Getcha Groove On (Durst, Borland, Otto, Rivers)
10. Take A Look Around (Durst, Borland, Otto, Rivers)
11. It'll Be OK (Durst, Borland, Otto, Rivers)
12. Boiler (Durst, Borland, Otto, Rivers)
13. Hold On (Durst, Borland, Otto, Rivers)
14. Rollin' (Urban Assault Vehicle) (Durst, Borland, Otto, Rivers)
15. Outro (Durst, Borland, Otto, Rivers)
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U2 | All That You Can't Leave Behind (2000)

Com All That You Can't Leave Behind, os irlandeses do U2 consolidaram o seu lugar no topo da hierarquia do rock. Seu décimo álbum de estúdio foi concebido após o tom pseudodecadente de Pop e de Zooropa e o glam-rock dançante do inesperado Achtung Baby. Adotando uma abordagem mais simples, este álbum descarta a experimentação eletrônica em favor de uma instrumentação básica e de um conteúdo lírico com apelo universal. Foi o disco que simultaneamente relançou a banda como uma força artística contemporânea e apresentou o líder Bono como um dos letristas que melhor articulam suas emoções.

All That You Can't Leave Behind é um trabalho de dimensões épicas e não um mero disco de transição: "Pensamos ter composto 11 singles para este álbum", comentou Bono. Com um toque menos messiânico do que o material gravado pelo U2 nos anos 90, o impressionante sucesso internacional deste disco ganhou uma dimensão ainda maior após o 11 de Setembro — "Walk On" converteu-se num hino de resistência para os que ficaram aterrorizados com os ataques ao World Trade Center. "Beautiful Day" é uma canção explosiva de um otimismo exuberante, enquanto "Kite", escrita para o pai de Bono, que estava morrendo, refere-se às dificuldades da vida privada ofuscadas por trás do brilho da fama. É bela em sua simplicidade.

Em 2002, este disco ganhou o Grammy de Melhor Álbum de Rock, e as faixas "Walk On", "Elevation" e "Stuck In A Moment..." receberam prêmios em suas respectivas categorias. Antes das nomeações para o Grammy, Bono brincou sobre "voltar a candidatar-se ao emprego de primeiro das paradas". Parece que o currículo do rapaz foi aceito. (Sarah Norman)
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01. Beautiful Day (Hewson, Clayton, Evans, Mullen)
02. Stuck In A Moment You Can't Get Out Of (Hewson, Clayton, Evans, Mullen)
03. Elevation (Hewson, Clayton, Evans, Mullen)
04. Walk On (Hewson, Clayton, Evans, Mullen)
05. Kite (Hewson, Clayton, Evans, Mullen)
06. In A Little While (Hewson, Clayton, Evans, Mullen)
07. Wild Honey (Hewson, Clayton, Evans, Mullen)
08. Peace On Earth (Hewson, Clayton, Evans, Mullen)
09. When I Look At The World (Hewson, Clayton, Evans, Mullen)
10. New York (Hewson, Clayton, Evans, Mullen)
11. Grace (Hewson, Clayton, Evans, Mullen)
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R.E.M. | Green (1988)

Um frenesi de cobertura da mídia em relação às condições climáticas fez com que meados de 1988 passassem a ser apelidados de "greenhouse summer" (verão estufa). Em novembro do mesmo ano, o R.E.M. lançou o seu sexto álbum de estúdio. O seu título demonstrava as novas preocupações sociais da esquerda liberal e a música elevou este quarteto a um nível de sucesso capaz de lotar estádios. E, apesar de todos os acordes e refrões energéticos, o hábil bandolim de Peter Buck ainda pode ser ouvido em três notáveis baladas.

A mensagem de Green fica evidente logo na capa, onde folhagem, anéis de árvores e postes telegráficos competem entre si. O fundo é manchado de laranja — uma referência ao agente químico Agent Orange usado pelas forças dos Estados Unidos no Vietnã para arrasar um terço da cobertura florestal daquele país. A referência continua na música "Orange Crush".

As preocupações ecológicas também estão presentes no misterioso "I Remember California". É uma visão estranha da costa ocidental que menciona carcajus, submarinos Trident e engarrafamentos de trânsito antes de fechar com os versos um pouco herméticos: "At the end of the continent/At the edge of the continent" ("No final do continente/Na extremidade do continente"). Em seguida vem o single "Stand", com seu verso melancólico, "If wishes were trees, the trees would be falling" ("Se desejos fossem árvores, as árvores estariam caindo").

Ainda que a turnê seguinte do R.E.M. tenha promovido o Greenpeace e a Anistia Internacional, Green não é um manifesto político em forma de rock. Em "World Leader Pretend" as preocupações de Stipe são expressas na primeira pessoa e "Turn You Inside Out" fala de seus embates com os dilemas da fama.

"O R.E.M. é a melhor banda do mundo?" — perguntou Andy Gill, fazendo uma resenha deste álbum na revista Q. Ele decidiu que sim, e milhões de pessoas concordaram. (Gareth Thompson)
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01. Pop Song 89 (Stipe, Berry, Buck, Mills)
02. Get Up (Stipe, Berry, Buck, Mills)
03. You Are The Everything (Stipe, Berry, Buck, Mills)
04. Stand (Stipe, Berry, Buck, Mills)
05. World Leader Pretend (Stipe, Berry, Buck, Mills)
06. The Wrong Child (Stipe, Berry, Buck, Mills)
07. Orange Crush (Stipe, Berry, Buck, Mills)
08. Turn You Inside-Out (Stipe, Berry, Buck, Mills)
09. Hairshirt (Stipe, Berry, Buck, Mills)
10. I Remember California (Stipe, Berry, Buck, Mills)
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Green Day | Dookie (1994)

Os puristas do punk ainda olham torto para este álbum revolucionário. Mas ninguém pode negar que, com Dookie, o Green Day revigorou um velho gênero musical para uma nova geração.

A receita era simples: pegar alguns acordes pesados com distorção, uma melodia fácil e humor com ironia. Tocar tudo bem rápido para que os ouvintes jovens pudessem pular para cima e para baixo. Não chegava a ser uma fórmula revolucionária: a banda tirou seu som e sua ironia de grupos como Ramones e Sex Pistols — o vocalista, Billy Joe Armstrong, até tentava acrescentar um ligeiro sotaque britânico. Mas a música do Green Day destacava-se do punk inglês por estar despojada de qualquer mensagem política, ainda que mantivesse uma boa dose de rebeldia.

Dookie traz 14 músicas furiosas, mas com belas melodias falando sobe o cotidiano angustiante e entediante dos subúrbios. Enaltece o estilo de vida boêmio em músicas como "Burnout"; em "Longview", fala sobre o apelo da masturbaçlao quando nao se tem o que fazer.

A banda se beneficiou por ter, pela primeira vez, lançado o disco por uma grande gravadora. Com a ajuda de quatro vídeo-clipes inteligentes e sendo tocado sem parar nas rádios, o álbum originou quatro singles de sucesso, incluindo "Basket Case", que se manteve no topo das paradas norte-americanas durante cinco semanas. A música que os imortalizou, contudo, foi "When I Come Around", que conseguiu cristalizar a atmosfera do Woodstock de 1994 em apenas 2 minutos e 58 segundos, tornando a banda famosa. Como o jornal New York Times afirmou: "Em raros momentos a apatia soou tão apaixonante." (Jason Chow)
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01. Burnout (Armstrong, Dirnt, Cool)
02. Having A Blast (Armstrong, Dirnt, Cool)
03. Chump (Armstrong, Dirnt, Cool)
04. Longview (Armstrong, Dirnt, Cool)
05. Welcome To Paradise (Armstrong, Dirnt, Cool)
06. Pulling Teeth (Armstrong, Dirnt, Cool)
07. Basket Case (Armstrong, Dirnt, Cool)
08. She (Armstrong, Dirnt, Cool)
09. Sassafras Roots (Armstrong, Dirnt, Cool)
10. When I Come Around (Armstrong, Dirnt, Cool)
11. Coming Clean (Armstrong, Dirnt, Cool)
12. Emenius Sleepus (Armstrong, Dirnt, Cool)
13. In The End (Armstrong, Dirnt, Cool)
14. F.O.D. (Armstrong, Dirnt, Cool)
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Metallica | ...And Justice For All (1988)

A história não foi gentil com o quarto álbum do Metallica. Os aficionados do thrash metal criticam o seu som gritantemente superproduzido e os arranjos demasiado complexos. Conta a lenda que este também foi o disco no qual os dois principais compositores da banda, James Hetfield e Lars Ulrich, entraram num vórtice de paranóia (o novo baixista Jason Newsted foi quase totalmente removido na mixagem, pois os dois não confiavam em sua competência) e ambição (a complexidade dos riffs em muitas faixas quase atingiu os excessos do rock progressivo).

Mas, se você conseguir passar por cima do som sem peso e do exagero experimental, ...And Justice For All mostra ter dimensões épicas, podendo mesmo ser considerado um disco conceitual com muitas camadas de invenção a explorar. Está entre os melhores da banda: a melódica e agressiva beleza de Master Of Puppets de 1986 e o devastador e incendiário Metallica, um disco não-thrash de 1991. Se você quer agressividade, é só ouvir a pauleira final de "One" ou a guitarra incrível e sempre surpreendente de Kirk Hammett na música de abertura, "Blackened", além da faixa-título, uma prova da competência dos músicos. Além disso, o alcance do riff de Hetfield em "Eye Of The Beholder", tal como a furiosa "Dyers Eve", não deve ser subestimado. Muitos fãs do Metallica vêem este LP como o ponto em que abandonaram o thrash ("Dyers Eve" é a música que mais se aproxima do som anterior da banda) e começaram a se empenhar em alcançar a aceitação do grande público. Se for esse o caso, é um glorioso adeus aos sons extremos de Kill 'Em All e Ride The Lightning — um adeus que deve ser aproveitado ao máximo. (Joel McIver)
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01. Blackened (Hetfield, Ulrich, Newsted)
02. ...And Justice For All (Hetfield, Ulrich, Hammett)
03. Eye Of The Beholder (Hetfield, Ulrich, Hammett)
04. One (Hetfield, Ulrich)
05. The Shortest Straw (Hetfield, Ulrich)
06. Harvester Of Sorrow (Hetfield, Ulrich)
07. The Frayed Ends Of Sanity (Hetfield, Ulrich, Hammett)
08. To Live Is To Die (Hetfield, Ulrich, Burton)
09. Dyers Eve (Hetfield, Ulrich, Hammett)
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The Replacements | Let It Be (1984)

Está devidamente documentado que, dependendo da noite em que alguém os visse tocar ao vivo, The Replacements podia ser a melhor ou a pior banda de rock do mundo. Sua performance imprevisível — muitas vezes estavam completamente bêbados — significava que tudo podia acontecer durante os shows. Após uma série de discos irregulares, apesar de empolgantes, lançaram o inovador Let It Be, um álbum que fazia a passagem do período punk da banda rumo às músicas mais melódicas e sensíveis que iriam definir o restante de sua careira. Muito bem recebido pelos críticos em 1984, Let It Be, juntamente com o Zen Arcade do Hüsker Dü, conterrâneo de Mineapolis, ajudou a definir o "rock universitário" de meados dos anos 80, tornando a banda um sucesso underground.

Uma das chaves da popularidade do Replacements estava na capacidade de seu líder, Paul Westerberg, de compor melodias ousadas e cheias de atitude, mas que continuavam sendo muito acessíveis. Basta ouvir "Unsatisfied", onde os violões evidenciam toda a sua amargura, ou o solo de "Answering Machine", onde as guitarras estrondosas e a repetição do último verso — "Ah, eu odeio sua secretária eletrônica" — encerram o álbum de forma genial.

Alguns críticos disseram que as escandalosas "Gary's Got A Boner" e "Tommy Gets His Tonsils Out" podiam ser consideradas como músicas para encher lingüiça, mas não deixam de ser sobre ereções e amígdalas. O grupo nunca deixou passar uma piada (ou um drinque): o título do álbum é uma brincadeira com os Beatles, e a sua divertida, ainda que caótica, versão do clássico "Black Diamond", do KISS, já fez com que Gene Simmons saísse enfurecido de um bar onde o Replacements estava tocando ao vivo. (Tim Scott)
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01. I Will Dare (Westerberg)
02. Favorite Thing (Westerberg, T. Stinson, B. Stinson, Mars)
03. We're Comin' Out (Westerberg, T. Stinson, B. Stinson, Mars)
04. Tommy Gets His Tonsils Out (Westerberg, T. Stinson, B. Stinson, Mars)
05. Androgynous (Westerberg)
06. Black Diamond (Stanley)
07. Unsatisfied (Westerberg)
08. Seen Your Video (Westerberg)
09. Gary's Got A Boner (Westerberg, T. Stinson, B. Stinson, Mars, Nugent)
10. Sixteen Blue (Westerberg)
11. Answering Machine (Westerberg)
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Pixies | Bossanova (1990)

As rachaduras tinham começado a se tornar evidentes na época de Bossanova e os Pixies tinham perdido parte de sua magia. Em fins de 1989, depois da segunda turnê de Doolittle pelos EUA, o grupo fez uma pausa, declarando-se "cansados" uns dos outros. Durante esse período, Black Francis realizou uma turnê solo e Kim Deal formou The Breeders, com o qual ela iria obter vários sucessos. A banda voltou a juntar-se em 1990 e regressou ao estúdio com o "quinto Pixie", Gil Norton.

O atmosférico Bossanova foi lançado no outono de 1990 e obteve críticas muito variadas. De forma reveladora, não continha nenhuma música de Kim Deal e trazia muitas melodias suaves no estilo surf-rock compostas por Charles Thompson. Em termos comerciais, ele acertou em cheio, chegando ao terceiro lugar nas paradas da Inglaterra e emplacando dois sucessos nos Estados Unidos com "Velouria" e "Dig For Fire".

No que diz respeito às letras, Bossanova representava um afastamento dos trabalhos anteriores. Havia menos sexo e violência surrealista — as marcas registradas de Black Francis —, agora substituídos por uma obsessão por OVNIs: "The Happening" referia-se diretamente à hoje infame Área 51 e "Down To The Well" inspirava-se na história de Barney e Barty Hill, supostamente abduzidos por extraterrestres. "Rock Music" e "Stormy Weather" estavam mais próximos da selvageria dos trabalhos anteriores do grupo. Estranhamente, "Is She Weird" poderia ter sido escrito para ou por Kim Deal. (Mark Blacklock)
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01. Cecilia Ann (Surftones)
02. Rock Music (Francis)
03. Velouria (Francis)
04. Allison (Francis)
05. Is She Weird (Francis)
06. Ana (Francis)
07. All Over The World (Francis)
08. Dig For Fire (Francis)
09. Down To The Well (Francis)
10. The Happening (Francis)
11. Blown Away (Francis)
12. Hang Wire (Francis)
13. Stormy Weather (Francis)
14. Havalina (Francis)
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Afghan Whigs | Gentlemen (1993)

Apesar de estar há alguns anos no selo Sub Pop, o Afghan Whigs não tinha muito a ver com seus colegas de camisas quadriculadas. Liderados por Greg Dulli, o elegante quarteto de Cincinnati fazia uma vigorosa mistura de rock dinâmico e soul profundo. As letras de Dulli deixavam de lado a angústia pós-adolescência típica do grunge. Em vez disso, exploravam os recônditos mais profundos da sexualidade masculina com boa dose de candura e uma sagacidade seca. A banda já tinha chamado atenção em 1991, com seu terceiro LP, Congregation, que lhes rendeu um contrato com a gravadora Elektra. Viajaram até Memphis para criar o que viria a ser uma grande obra-prima.

Com sua produção detalhada e neocinemática, Gentlemen é um tour de force de composições delicadas e expressão ferrenha. A faixa-título, "Gentlemen", assim como "Be Sweet" expressam um fervor ardente através de grooves sinuosos e com textura.

O R&B de "Debonair" e o piano ritmado de "What Jail Is Like" foram um sucesso nas rádios universitárias, mas o auge de expressividade do álbum é sem dúvida "My Curse": uma balada arrasadora cantada por Marcy Mays (da banda folk-punk Scrawl) a partir de uma perspectiva feminina e com uma intensidade verdadeiramente tempestuosa.

Gentlemen foi elogiado pela crítica tanto na Inglaterra quanto nos Estados Unidos, abrindo caminho para Black Love, que viria em seguida, e depois para o último disco da banda, 1961. Ambos entrariam na lista da Billboard. O Afghan Whigs separou-se amistosamente em 2001, terminando sua imensa carreira cult abrindo shows para seu herói de infância, o Aerosmith, durante uma grande turnê nos EUA. (Manish Agarwal)
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01. If I Were Going (Dulli)
02. Gentlemen (Dulli)
03. Be Sweet (Dulli, McCollum)
04. Debonair (Dulli)
05. When We Two Parted (Dulli, McCollum)
06. Fountain And Fairfax (Dulli)
07. What Jail Is Like (Dulli)
08. My Curse (Dulli)
09. Now You Know (Dulli)
10. I Keep Coming Back (Austell, Graham)
11. Brother Woodrow/Closing Prayer (Dulli, McCollum)
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Milton Nascimento E Lô Borges | Clube Da Esquina (1972)

Se Clube Da Esquina fosse apenas a resposta brasileira a Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band, já se destacaria como uma importante contribuição ao pop internacional. Mas esta magnifica coleção de canções, lançada originalmente como um álbum duplo, também transformou Milton Nascimento, Lô Borges, Beto Guedes e Toninho Horta em artistas de sucesso pelo seu próprio talento.

Embora Milton Nascimento — um cantor carismático com um falsete puro e cheio de espiritualidade — seja o centro de gravidade do álbum, ele ainda não era uma grande estrela, e Clube Da Esquina é muito mais um trabalho de grupo, co-creditado também a Borges. O disco mistura sons oníricos, letras surrealistas e uma ampla variedade de influências sul-americanas. É um marco da música popular que abriu as portas da criação para outros artistas.

O Clube Da Esquina era um grupo de amigos de Belo Horizonte (MG). Eles passaram seis meses, em 1971, numa casa alugada na Praia de Piratininga, em Niterói, compondo e compartilhando seu amor pelos Beatles. De volta ao estúdio, a música ganhou uma grandiosidade suntuosa com a orquestração de Eumir Deodato e Wagner Tiso. O álbum ainda contém uma série de clássicos, como "Cravo E Canela" e "Nada Será Como Antes". A influência dos Beatles é particularmente forte no "rock mineiro" de Lô Borges, em faixas como "O Trem Azul" e "Nuvem Cigana", músicas delicadas, cheias de encanto e sutilezas. (Andrew Gilbert)
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01. Tudo Que Você Podia Ser (Borges, Borges)
02. Cais (Nascimento, Bastos)
03. O Trem Azul (Borges, Bastos)
04. Saídas E Bandeiras Nº 1 (Brant, Nascimento)
05. Nuvem Cigana (Borges, Bastos)
06. Cravo E Canela (Nascimento, Bastos)
07. Dos Cruces (Larrea)
08. Um Girassol Da Cor De Seu Cabelo (Borges, Borges)
09. San Vicente (Brant, Nascimento)
10. Estrelas (Borges, Borges)
11. Clube Da Esquina Nº 2 (Borges, Borges, Nascimento)
12. Paisagem Na Janela (Brant, Borges)
13. Me Deixa Em Paz (Amorin, Monsueto)
14. Os Povos (Borges, Nascimento)
15. Saídas E Bandeiras Nº 2 (Brant, Nascimento)
16. Um Gôsto De Sol (Nascimento, Bastos)
17. Pelo Amor De Deus (Brant, Nascimento)
18. Lilia (Nascimento)
19. Trem De Doido (Borges, Borges)
20. Nada Será Como Antes (Nascimento, Bastos)
21. Ao Que Vai Nascer (Brant, Nascimento)
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Boards Of Canada | Music Has The Right To Children (1998)

Certos artistas fazem uma música tão pessoal e única que põem à prova não só o nosso gosto, mas o nosso próprio entendimento da música. Pode-se não gostar logo do disco, mas continua-se tentando. Por fim, após quatro ou cinco audições, chega o maravilhoso momento em que tudo se encaixa.

Music Has The Right To Children, do Boards Of Canada, é um desses álbuns. Logo que foi lançado, em 1998, provocou um terremoto na cena eletrônica. Tinha nascido um novo subgênero ambient que misturava melodias pastorais com tons subterrâneos mais obscuros. Este disco demonstrou aos seus opostores que a música eletrônica não só era intelectualmente estimulante como podia possuir profundidade emocional.

As músicas alternam entre colagens sonoras breves e faixas mais ritmadas e longas. As sílabas fragmentadas e o ritmo esmagador de "Telephasic Workshop" transformam-se pouco a pouco numa cacofonia que obriga o ouvinte a sacudir a cabeça. O único problema do poderoso baixo, da batida ágil e dos sintetizadores em "Roygbiv" é que a música termina muito rapidamente. "Aquarius" também se destaca pela sua mistura hipnótica de risos infantis, números e da palavra "laranja".

Music Has The Right To Children possui também uma bela capa: uma fotografia em baixo contraste dos anos 70 retrata uma fantasmagórica família sem rosto num cenário montanhoso. É uma imagem que capta a essência da música, com os seus temas nostálgicos e a relação entre o natural e o artificial, o sinistro e o sereno. (Rob Morton)
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01. Wildlife Analysis (Sandison, Sandison)
02. An Eagle In Your Mind (Sandison, Sandison)
03. The Color Of The Fire (Sandison, Sandison)
04. Telephasic Workshop (Sandison, Sandison)
05. Triangles & Rhombuses (Sandison, Sandison)
06. Sixtyten (Sandison, Sandison)
07. Turquoise Hexagon Sun (Sandison, Sandison)
08. Kaini Industries (Sandison, Sandison)
09. Bocuma (Sandison, Sandison)
10. Roygbiv (Sandison, Sandison)
11. Rue The Whirl (Sandison, Sandison)
12. Aquarius (Sandison, Sandison)
13. Olson (Sandison, Sandison)
14. Pete Standing Alone (Sandison, Sandison)
15. Smokes Quantity (Sandison, Sandison)
16. Open The Light (Sandison, Sandison)
17. One Very Important Thought (Sandison, Sandison)
18. Happy Cycling (Sandison, Sandison)
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Dennis Wilson | Pacific Ocean Blue (1977)

Dennis Wilson foi baterista dos Beach Boys, mulherengo, ator, discípulo de Charles Manson e o primeiro do grupo a morrer (afogado, depois de se embebedar com vodca). Também foi o único dos Beach Boys a lançar um álbum solo digno de nota.

Gravado ao longo de sete anos, Pacific Ocean Blue dá uma noção do que era Los Angeles nos anos 70, quando ser uma estrela do rock movida a cocaína significava viver como um deus. O álbum recebeu boas críticas e, se não foi um grande sucesso — não há muitas músicas adequadas para rádio em Pacific Ocean Blue —, ganhou desde sempre a admiração do público. Com vocais gravados em vários canais, ondas de sintetizador, melodias dolorosas, a tendência ao desespero e um clima de gente chapada em final de noite, o disco sobreviveu bem melhor do que qualquer álbum dos Beach Boys depois de Surf's Up.

Os temas de piano e as vozes maciças da faixa de abertura, "River Song", criam um tom épico, quase gospel. "Moonshine" se desenvolve a partir de um ritmo pesado de percussão e oferece um blues californiano do tipo branco-e-rico. "Thoughts Of You" é uma mostra do melhor da linha reflexiva de Dennis; "Time" traz uma linda linha triste de trompete, que lembra Chet Baker, antes de se transformar num rock. A faixa-título é uma ótima canção sobre a natureza, cantada por Dennis sem muitos matizes, enquanto "Farewell My Friend" é uma elegia de adeus. Wilson era viciado em cocaína e álcool, o que explica um certo torpor ao longo de Pacific Ocean Blue, como se ele tivesse que escavar as profundidades de sua mente caótica para conseguir mostrar o verdadeiro Dennis.

Feliz com a reação positiva ao disco, ele planejava gravar em seguida um álbum que se chamaria Bamboo, mas seu estilo de vida selvagem não permitiu que o trabalho chegasse a ser terminado. (Garth Cartwright)
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01. River Song (Wilson, Wilson)
02. What's Wrong (Wilson, Jakobson, Horn)
03. Moonshine (Wilson, Jakobson)
04. Friday Night (Wilson, Jakobson)
05. Dreamer (Wilson, Jakobson)
06. Thoughts Of You (Wilson, Dutch)
07. Time (Wilson, Lamm-Wilson)
08. You And I (Wilson, Jakobson, Lamm-Wilson)
09. Pacific Ocean Blues (Wilson, Love)
10. Farewell My Friend (Wilson)
11. Rainbows (Wilson, Wilson, Kalinich)
12. End Of The Show (Wilson, Jakobson)
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